Acheronta  - Revista de Psicoanálisis y Cultura
Sobre a teoría e a clínica psicoanalítica: considerações acerca de sua proposta terapêutica
Nadja Nara Barbosa Pinheiro

O presente trabalho versa sobre a dimensão terapêutica da psicanálise. Ou seja, a partir de seu referencial teórico, o que é possível a cada analista, oferecer, em termos terapêuticos, às pessoas que o procuram. E o procuram em busca de um alívio para seus padecimentos. Resumindo, os pacientes desejam ser curados. E o que isso significa? Qual é o conceito de cura que a teoria psicanalítica propõe?

Podemos observar que, uma vez circunscrita pela ação da palavra, a cura na psicanálise se estenderá entre o alcance e o limite de seu poder terapêutico. É com essa dimensão ética que cada analista tem que lidar na construção de seu ofício.Ofício este que se faz sobre impasses, dificuldades e frustrações. Sendo, justamente, da constatação desses aspectos, das indecisões, dos erros (e algumas vezes acertos) que o trabalho clínico continuamente nos impõem, que nasceu o interesse pelo presente tema. Para desenvolvê-lo, partimos não apenas do trabalho clínico como também das reflexões suscitadas a partir do desenvolvimento de pesquisas teóricas no âmbito do curso de pós-graduação em psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (U.F.R.J.).

Quanto ao espaço clínico, este não se refere, exclusivamente, a atendimentos desenvolvidos em consultório particular, mas também em ambulatório institucional. Esses últimos, transcorridos no âmbito do curso de pós-graduação oferecido pelo Instituto de Psiquiatria da U.F.R.J., no qual atendíamos, sob supervisão, pacientes neuróticos não internos, os quais frequentavam a instituição para duas sessões clínicas semanais. Nessa ocasião, tivemos a oportunidade de focalizar, em estudo monográfico, a questão transferencial, a partir do qual pudemos concluir que, assim como ocorre na clínica particular, nos atendimentos ambulatoriais a transferência se instala sendo a partir desta que o processo terapêutico se desenvolve (Julivaldo e Pinheiro, 1993).

Desta forma, em ambos os tipos de ambiente, os pacientes chegam entregando seus sintomas e dizendo: "pronto, aqui eu estou, aqui eu sofro, e o que você pode fazer com tudo isso para me ajudar?" Estar ciente da, ou amparado na teoria sobre as possibilidades e limites de seu trabalho é o mínimo com que o analista pode contar. A partir daí ele poderá criar as condições necessárias para o desenvolvimento de um processo que, na perspectiva da psicanálise, possui uma dimensão terapêutica exclusiva. Especificar essa singularidade é a tarefa que ora propomos.

Neste percurso, nos utilizamos dos ensinamentos de J. Lacan, os quais, entre outros aspectos, enfatizaram o caráter linguístico das concepções freudianas sobre os processos psíquicos. A escolha dessa abordagem teórica se ancora em uma suposição que se apresenta como norteadora de nosso trabalho. Ou seja, a noção de que o entendimento da psique pelo viés da linguagem, inicialmente levou Freud a um afastamento do limite terapêutico imposto pelo real da fisiologia proferido pelo discurso médico cientificista do século XIX. O que possibilitou a formulação de um novo projeto terapêutico, otimista, orientado para a dissolução dos sintomas através da interpretação de seu sentido. Este fato, no entanto, não impediu que ao final de sua obra Freud tenha sido conduzido ao reencontro de um obstáculo imposto pelo real circunscrito na própria linguagem. Na medida em que esta, enquanto metáfora, implica na existência de um limite à palavra e, consequentemente, à proposta terapêutica sobre ela edificada.

Iniciando nossa análise através das primeiras formulações teóricas freudianas, podemos destacar que essas se apresentaram pautadas sobre dois pilares distintos, porém, de certa forma, complementares :

- a concepção dos fenômenos histéricos baseada sobre o processo de divisão da consciência, e não mais sobre uma etiologia fisiológica;

- o entendimento dos sintomas histéricos pelo seu viés psicológico, plantado sobre o poder da sugestão.

O primeiro pilar seguiu a linha aberta pelos estudos charcotianos sobre a histeria. Nestes, desvinculada de uma causalidade anatômica, a histeria pôde ser alocada no seio das doenças nervosas - as neuroses - com isso, seus sintomas foram estudados, classificados e nosografados (Roudinesco,1989).

Podemos observar, no entanto, que essa perspectiva não avançou em uma questão fundamental, pois embora tenha processado uma ruptura com a cientificidade de sua época, em um ponto permaneceu presa a um de seus preceitos : se a histeria atesta o aniquilamento da anatomia, onde situar uma prática clínica capaz de lidar com seus sintomas ? Ou seja, se a causalidade física não governa os processos psíquicos, a partir de quais premissas se poderia construir um método terapêutico indicado para seu tratamento ?

Por seu turno, o segundo pilar, anteriormente destacado, sobre o qual as primeiras elaborações teóricas freudianas se apoiaram, seguiu a linha dos estudos desenvolvidos pela Escola de Nancy, ao final do século passado. Entre outros aspectos, esses estudos focalizaram o poder terapêutico da hipnose no tratamento dos processos histéricos. A partir deles ficou definido que a sugestão estava na base da formação dos sintomas da histeria. Daí a força da hipnose em formá-los e dissolvê-los, pela palavra do médico (Roudinesco,1989).

A partir dessas suposições, indicamos que Freud propôs uma novidade teórica a qual pode ser apresentada da seguinte forma: há, nos fenômenos histéricos uma desvinculação em relação à anatomia mas, - e isso é de fundamental importância - não há uma desvinculação entre histeria e corpo. Sendo este último entendido enquanto representado psiquicamente, ou seja, enquanto investido de um valor psicológico. Desta forma, indo além da anatomia, o texto freudiano propôs uma nova forma de articulação entre os processos físicos e mentais. Uma articulação que permite indicar, também, um mais além da sugestão que permeia a mediação entre a palavra do médico e o sintoma histérico : a linguagem.

Em nossa opinião, esse ponto demarca uma passagem teórica crucial ao determinar o entendimento dos fenômenos da histeria pela via da representação, do sentido e da linguagem. Tal fato permitiu a compreensão dos sintomas histéricos a partir da lógica do sentido e não da lógica da anatomia, posto que esta os tornava incompreensíveis. Com isto, todo um campo de investigação psíquica e de projeto terapêutico se abriu. Permitindo, desta forma, que Freud ultrapassasse os limites teóricos e clínicos circunscritos pela perspectiva médica de sua época e propusesse um método de terapia voltado para o tratamento dos sintomas histéricos baseado no desvelamento de seu sentido.Para tal, o estudo sobre as manifestações histéricas, em Freud, passou a ser centralizado sobre os modos de articulações possíveis entre os registros psíquico e somático. Articulações estas que, segundo o autor (1893), se estabelecem através de associações entre as representações psíquicas a partir das quais, na histeria, o corpo é investido de um sentido. De tal forma que

"desconhecendo as relações entre as funções fisiológicas que não traduzam as representações linguísticas habituais, as razões dos sintomas não devem ser buscadas no cérebro, mas numa experiência que implique nossas representações, que implique não a perna ou o braço, no sentido orgânico, mas a concepção que temos desses órgãos"( Freud,1893 pg 189).

Da mesma forma, a tentativa freudiana em definir a inscrição do registro psíquico no interior do registro da linguagem encontrou um importante terreno em seu estudo empreendido sobre os distúrbios patogênicos da linguagem : as afasias (Freud, 1891). Nesse estudo monográfico encontram-se esboçadas duas ideias fundamentais para a construção do saber psicanalítico em geral e para o tema deste estudo em particular:

- em primeiro lugar, esse texto demonstra que o autor, desde o início, procurou entender o aparelho psíquico operando em termos funcionais e não em termos de localizações tópicas. Rompendo, desta forma com a perspectiva médica corrente à época, a qual se baseava na suposição de que o cérebro opera a partir de centros nervosos isolados. Segundo os estudos freudianos, o cérebro trabalha como um todo, daí porque se pode compreender a lesão orgânica através de uma perspectiva funcional e não em termos de uma causalidade direta entre anatomia e processos psíquicos (Birman,1991).

- em segundo lugar, uma vez que Freud, nesse estudo sobre as afasias, levantou a hipótese de que o sentido, a significação não nos é fornecido pelos objetos do mundo em sua materialidade, mas pela articulação entre a representação da palavra com a representação do objeto, o papel fundamental da linguagem está assegurado. Posto que, se é no aparelho psíquico que se dá a associação entre as representações e que é dessa articulação que o efeito de sentido é produzido, então o aparelho psíquico se organiza no seio da troca simbólica, do sentido, enfim, da linguagem (Garcia-Roza,1991).

A perspectiva clínica aberta pela concepção da inscrição dos processos psíquicos no registro linguístico, o qual fundamentava a articulação entre os registros físico e mental, permitiu que os fenômenos histéricos pudessem ser compreendidos como o resultado de um processo simbólico. Por essa razão, os sintomas foram concebidos, em todo desenrolar dos "Estudos sobre a histeria"(Breuer e Freud,1893-95), como detentores de um sentido que merecia ser desvelado. Para tal seria necessário, então, entender quais os mecanismos envolvidos em suas formações.

Nesse sentido, as observações clínicas indicavam para as seguintes conclusões:

- a etiologia da histeria pode ser definida como o processo de recalcamento de uma representação incompatível com as outras representações da consciência, a partir de uma motivação de defesa. A representação recalcada permanece como um traço fraco, ou seja, de pouca intensidade, enquanto o afeto, dela desgarrado, é utilizado em uma enervação somática. Este último, constiuindo o processo de conversão característico dessa doença

- nos fenômenos histéricos o mecanismo de defesa utilizado frente à cena traumática foi bem sucedido, na medida em que, uma vez concluído, a consciência já não tem mais conhecimento da representação patogênica e fica, portanto, livre do sofrimento.

- o processo de expulsão da representação patogênica, assim como a atual resistência à associação presente na clínica, é uma ação voluntária do eu que se vê , desta forma, liberto da tarefa de ter que lidar com o sofrimento psíquico. Daí porque se pode afirmar que "o não-saber do paciente histérico, é, de fato, um não querer saber" (Freud,1895, pg 265).

Em relação à proposta terapêutica, a noção de que os fenômenos histéricos são produzidos a partir de um mecanismo defensivo, era indicativo da ocorrência de um conflito. A formação dos sintomas seria, pois, uma formação de compromisso entre dois desejos opostos, que encontram uma solução nas formações sintomáticas, como solução para não se ter que enfrentar o sofrimento psíquico. Os sintomas, então, ao mesmo tempo em que ocultavam as razões do conflito que os sustentam, poderiam revelá-las. Ao revelá-las, as forças psíquicas que baseiam o conflito se desfazem e os sintomas são eliminados por já não serem mais necesários.

Nesse contexto, partindo da linguagem como articulador dos registros físicos e mental, os sintomas neuróticos apresentam uma dupla composição : um componente psíquico (a representação) e um componente somático (um quantum de energia afetiva). Pontuando que esta relação quantidade energética a qual é passível de ser transformada em uma qualidade, e ser sentida conscientemente como um afeto, se mostrou complicada ao longo da obra freudiana. Nesse momento de alaboração teórica, contudo, abriu as portas à construção de uma terapia voltada para a tentativa de promover um processo de simbolização sobre a carga afetiva. Razão pela qual, no método catártico, os autores tenham proposto que a remenoração da representação patogênica para surtir um efeito terapêutico deveria vir acompanhada de seu componente afetivo correspondente. A cura se faz sobre a possibilidade de se "descarregar’ uma carga afetiva que ficara ‘estrangulada’ ou seja, emudecida à época da ocorrência da experiência traumática (Breuer e Freud, 1893a).

Nessa construção, os autores partiram do princípio de que o enfraquecimento no poder de atuação de uma representação psíquica depende da reação que a pessoa fora capaz de realizar ao recebê-la. Como reação, os autores entenderam todos os reflexos voluntários e involuntários através dos quais a carga afetiva é desgastada e entre os quais, a linguagem é um substituto quase que perfeito. Já que sua utilização produz um efeito de reação que pode ser comparado à eficácia de uma ação física.Desta forma, se, à uma experiência vivida, ocorre uma forte reação, o seu afeto correspondente se esvanece e sua lembrança se enfraquece. Uma vez a reação seja reprimida, ocorre o mecanismo de recalcamento da representação, permanendo a sua carga afetiva com a mesma intensidade. Ambos permanecem, então, atuantes no sistema psíquico produzindo os sintomas. Por esta razão, a eficácia terapêutica do tratamento requer que a lembrança traumática venha acompanhada de sua carga afetiva correspondente, posto que é sobre essa última que a catarse é produzida (Breuer e Freud, 1893a).

Entretanto, embora as relações psíquico /somático tenham sido estabelecidas sobre o pilar da linguagem, já desde os primórdios das formulações teóricas freudianas, os processos clínicos desenvolvidos indicavam que algo escapava à essa relação, ou seja, algo frustrava essa expectativa, demonstrando que não há uma mediação ponto a ponto entre esses dois registros. Assim, se ao nível da teoria, os estudos empreendidos apontavam para a possibilidade de simbolização da energia psíquica, e aí a possibilidade de eliminação dos sintomas pela revelação de seu sentido, a clínica, por seu turno, demonstrava o encontro de um êxito parcial nesse processo. A rigor, o desenvolvimento dos atendimentos clínicos indicavam a existência de alguns elementos resistentes à simbolização e, por conseguinte, à eficácia terapêutica da palavra. O encontro desses obstáculos clinicamente palpáveis levou à necessidade de tematização e teorização sobre suas bases etiológicas.

Interessante observar que, nesse processo de abordagem teórica sobre os fenômenos que escapavam ao alcance terapêutico da palavra, ou seja, ao que se colocava resistente ao processo de simbolização proposto pela terapia, Freud tenha recorrido a explicações fisiológicas. Este é o caso, por exemplo, da afirmação freudiana sobre a existência de dores, em alguns pacientes histéricos, que possuem uma etiologia puramente orgânica. Tais dores, por não se basearem em um componente psíquico, porém puramente físico, frustam qualquer expectativa clínica de apreender seu sentido simbólico. Nos processos terapêuticos "as tentativas de demonstrar que esses complexos de sintomas representam uma lembrança, não são alcançadas", de forma que pode-se atribuir uma base puramente orgânica às dores para as quais "não se obtém nemhum resultado quando se tenta descobrir uma causa psíquica para elas" (Freud,1893b pg 184).

Sobre esse ponto, o autor procurou, inclusive, plantar as bases para a construção de um um processo de diagnóstico diferencial através do qual, a existência ou ausência de um componente psíquico determinava a diferenciação entre uma produção neurótica e uma puramente orgânica. (Freud, 1895).

Sobre esses mesmos pilares, o autor propôs a diferenciação entre psiconeuroses e neuroses atuais, as quais em relação ao interesse do presente estudo, se apresentam como um segundo exemplo de limite ao poder curativo da palavra. Igualmente às dores orgânicas, as neuroses atuais foram concebidas como sendo edificadas a partir de uma etiologia fisiológica (Freud,1894).Isso significa que, a etiologia orgânica, das chamadas dores somáticas assim como das neuroses atuais, as tornavam contra-indicadas para a cura pelo método terapêutico ora proposto. De fato, o que estava sendo destacado aqui, refere-se ao limite ao alcance terapêutico da palavra, ou seja, "os pontos em que o processo analítico tropeça nesses fundamentos orgânicos dos sintomas" (Freud, 1904[01] pg 108).

A passagem do método catártico ao método psicanalítico foi abordada, por Freud, em 1914. Momento no qual o autor, ao se referir às suas diferenças, observou que essas incidiram, apenas, sobre o nível técnico. Aqui, o autor, embora tenha precisado a relação dialética estabelecida entre teoria e clínica, sublinhou uma equivalência entre os dois métodos naquilo que se refere à concepção de sua dimensão terapêutica ao declarar que "o objetivo dessas técnicas diferentes, naturalmente permaneceu o mesmo. Descritivamente falando, trata-se de preencher lacunas na memória, dinamicamente, é superar resistências devido o realcamento" (Freud, 1914 pg 193/94).

No entanto, a perspectiva do presente trabalho não segue essa indicação. Ao contrário, ela objetiva demonstrar a existência de uma modificação profunda entre a proposta terapêutica encontrada no método catártico e aquela que se baseia nas elaborações teóricas da primeira tópica freudiana. Uma transformação que, ultrapassando os níveis da técnica e da metodologia clínica, introduziu uma nova concepção sobre a noção de cura na psicanálise. Definindo que esta ultrapassasse um alívio do sofrimento através da dissolução dos sintomas para se referir ao que, se expressando através destes, diz respeito à revelação da verdade singular do desejo inconsciente de cada paciente.

Para tal, retornemos ao fragmento teórico acima destacado. Nele, podemos observar que o autor alude a um fator dinâmico e a um fator descritivo referentes aos processos clínicos. E o que isso significa? Ou ainda, qual a relação entre os fatores descritivo e dinâmico e o desenvolvimento dos processo clínicos ? Em termos descritivos, significa que o aparelho psíquico se apresenta dividido, ou seja, há um material esquecido, que não pode ser resgatado pela memória consciente do paciente, por maiores que sejam os esforços do médico ou a vontade do paciente. Assim, o fator descritivo, pautado na noção de divisão da consciência como fenômeno fundamental da histeria, indica que os processos conscientes não recobrem inteiramente o material psíquico. Há, para além da consciência, um outro lugar, ou uma ‘outra cena’ no interior da qual as representações se associam segundo leis próprias de funcionamento (Freud,1900).

Para que as representações inconscientes sejam resgatadas pelo pensamento consciente, é necessário, como nos informa o autor, ultrapassar dinamicamente as resistências. O que, nos remete ao fator dinâmico o qual indica a existência, no aparelho psíquico, de uma energia circundante, que estabele um campo de forças o qual permeia as relações entre os registros tópico (sistemas consciente e inconsciente) e dinâmico (transposição das representações entre os sistemas). O fator econômico, então, se apresenta como aquele que vem possibilitar as ligações entre a tópica e a dinâmica psíquica.

Em relação ao nosso tema, através da ação desses fatores, nos é permitido observar, nas sessões clínicas, como o paciente se coloca frente a suas produções psíquicas, seus sintomas, suas inibições e suas angústias. Ou seja, como, a despeito de sua vontade consciente, seu psiquismo funciona, de forma a movimentá-lo, animá-lo, involvê-lo e, em muitos casos, fazê-lo sofrer. Enfim, aquilo que fez com que o paciente procurasse uma análise que o ajudasse a dar conta de suas produções sintomáticas.

Sobre este ponto, destacamos que há um fenômeno clínico o qual permite um meio de expressão para o fator econômico, na medida em que se apresenta como investimento libidinal na figura do analista; o fator dinâmico, enquanto se presentifica como resistência ao processo clínico e o fator tópico, uma vez que este fenômeno reedita o funcionamento dos mecanismos inconscientes. Ou seja, durante o desenvolvimento dos processos clínicos ocorre a instalação de um mecanismo o qual permite a reedificação das produções psíquicas, podendo ser definido como um canal através do qual o aparelho psíquico funciona em toda sua extensão no espaço clínico de uma sessão : trata-se aqui do fenômeno da transferência. Desta forma, acreditamos que na compreensão desse conceito resida a chave para o entendimento da diferença entre a proposta terapêutica anteriormente edificada e a que ora abordamos.

Para tal tomaremos como pilar estruturador uma indicação de Miller (1986), segundo a qual a análise do conceito de transferência deve tomar como central as relações estabelecidas entre esta e três outros conceitos à ela relacionados : a resistência, a repetição e a sugestão.

Em relação à resistência, em sua dupla função, a transferência indica que por um lado os complexos inconscientes foram atingidos, e por outro que os mecanismos contrários à essa manifestação foram ativados. Podemos observar que esta conceituação da transferência é equivalente à formação dos processos oníricos.Na clínica a figura do analista, assim como os restos diurnos na formação onírica, se presta à utilização como um significante desprovido em si de sentido, para fazer emergir o desejo inconsciente do paciente (Miller,1986). Porem esta emergência se faz sob as condições que lhe são impostas pelas resistências.Com isso fica determinado a dupla vertente da transferência: ao mesmo tempo em que sua instalação assinala a emergência de um material proveniente do inconsciente, aponta para um momento de fechamento do mesmo (Lacan,1964).O êxito do processo clínico dependerá da habilidade do analista em manejar os movimentos transferenciais do paciente, objetivando que este consiga superar as resistências de transferência. Nesse processo, o analista deve excluir o seu próprio "eu" do campo clínico, para emprestar a sua figura, e não o seu ser, à emergência do desejo inconsciente do paciente via transferência (Lacan,1977b).

Para que isto ocorra, a libido do paciente se volta para a figura do analista, investindo-o da mesma forma como costumava investir seus objetos amorosos. Ponto no qual nos deparamos com o segundo pilar da transferência: a repetição, a qual permite, enquanto transferência, a reatualização da realidade do inconsciente no interior de uma sessão clínica. Segundo Freud (1905[1901]), a emergência do desejo inconsciente do paciente se presentifica, clinicamente, através da repetição de formas arcaicas de investimento libidinal. Assim, podemos afirmar que "as transferências são reedições, reproduções das moções e fantasias que, durante o avanço da análise, podem despertar-se e tornar-se conscientes, mas com a característica (própria do gênero) de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico" (Freud, 1905[1901] pg 110).

Aindo segundo o autor (Freud,1912a), as bases para a instauração da transferência situam-se na própria estrutura neurótica. Nesta, o modo específico de encontrar a satisfação pulsional forma um "clichê esteriotipado" o qual é disparado e repetido cada vez que um processo de investimento libidinal se inicia. No transcorrer de um processo analítico, ocorre, também, a reinstalação deste dispositivo, agora endereçado à figura do analista. Este último, passa a ser incluído nessa série esteriotipada de encontrar a satisfação pulsional, a qual vem sendo repetida, incansavelmente e inconscientemente, ao longo da vida do paciente.

Nesse processo, a transferência, além de demarcar a interrupção do fluxo associativo e de permitir a emergência do material patogênico, pela repetição que lhe é fundamental, passa a ser concebida como uma forma de produção da própria neurose no interior do espaço clínico. Por ser a reprodução ou a substituição do processo neurótico primevo e, portanto, representar a instauração de uma neurose artificial, uma ‘neurose de transferência’, ela permite que o analista possa atuar sobre sua produção, permitindo que ela receba uma nova significação (Freud,1913).

Claro está que a tentativa de alcançar uma re-significação para a neurose transferencial, encontra vários obstáculos. E ainda que possamos apontar, como Freud (1913), o sofrimento neurótico como a força motivadora para o início do tratamento, a vontade consciente do paciente, não é suficiente para mantê-lo engajado na análise. Não podemos esquecer que a construção da neurose foi, na verdade, a melhor forma encontrada para lidar com o conflito psíquico e evitar o sofrimento que este trazia. Desta forma, o paciente não estará disposto a abrir mão tão facilmente dos "lucros secundários" que a doença lhe proporciona. Razão pela qual à essa força motivadora inicial, o analista deve contar com uma outra: o poder da sugestão compreendido no vínculo transferencial (Freud,1913).Aqui entrando o terceiro elemento com o qual Freud identificou o conceito de transferência: a sugestão, na medida em que , se encontra no fator sugestivo contido na transferência, a possibilidade do analista exercer uma influência sobre o paciente que o leva à mudança psíquica.

A necessidade de uma análise sobre o conceito de sugestão, em sua relação com a transferência, se justifica por ser através dela que a diferenciação entre o método psicanalítico e os outros métodos psicoterápicos se estruturou e esclareceu.Por volta de 1900, os métodos psicoterápicos utilizados no tratamento das afecções mentais se baseavam, quase que exclusivamente, no poder da sugestão ( Roudinesco, 1989). Ainda no início de sua atuação clínica, Freud e Breuer (1893/95), no desenvolvimnto do método catártico, utilizavam a sugestão para debilitar ou anular a força da ideia patogênica impedindo-a de entrar em ação. Desta forma, justifica-se a preocupação freudiana em analisar a questão referente ao papel desempenhado pela sugestão no método psicanalítico. Com essa análise, o autor poderia delimitar a especificidade do método proposto assim como diferenciá-lo das outras psicoterapias já existentes.

Freud (1912a), pontuou que não há como se evitar a instalação da transferência, posto que esta se funda por ser um dispositivo da ordem do inconsciente, daí o seu caráter irracional e sua intensidade desmesurada. Por esta razão, a instauração da transferência não é um fenômeno exclusivo dos processos analíticos. A sua presença é constatada em vários processos de cura, particularmente nos que são desenvolvidos em um ambiente institucional. Nestes, a transferência não é analisada, porém encoberta.Com isto, a sua vertente de resistência pode agir em segredo, e em vez de fazer com que o paciente volte à vida, o mantém preso à instituição (Freud, 1912a).

Na psicanálise, a transferência, é ela própria, objeto de análise. Ou seja, a cota de sugestão nela contida é utilizada no sentido de permitir a elucidação do que está se expressando através da transferência. Uma vez que uma parte essencial das lembranças e fantasias inconscientes não são recordadas, mas atuadas, via transferência, a sua elucidação se constitui como um peça fundamental no processo analítico (Freud,1912a).Agindo desta forma, a proposta de seu método procura antes de tudo entender o jogo das forças psíquicas subjacentes aos sintomas. Assim, nada é colocado de fora, mas a trama psíquica que liga as ideias patogênicas é submetida a um processo de desvelamento objetivando a dissolução do conflito. Pode-se observar que, de forma diversa, ou até mesmo inversa, a um método sugestivo, a análise permite a identificação da dialética da transferência/resistência, a qual, por um lado se aferra à doença se opondo à recuperação, e que , ao mesmo tempo, se constitui como aquilo que permite o entendimento da forma pela qual o paciente vem se comportando em sua vida (Freud, 1905[1904]).

Concluindo, o tratamento pela psicanálise se efetua pelo trabalho exercido no sentido de ultrapassar as resistências pelo uso da transferência. Nesse processo utiliza-se a sugestão enquanto condição de possibilidade para a instauração da transferência e enquanto passível de manejo na superação das resistências, objetivando uma modificação psíquica permanente.Pela percepção dessa sua função, a transferência se deslocou da periferia do processo clínico para a centralidade do mesmo. De um dentre os vários obstáculos a serem ultrapassados no progresso da análise, a transferência passou a ser concebida como o pilar estruturador da terapia, ou seja, o próprio veículo de sua cura (Lacan, 1977b).

A partir daí, a clínica se viu obrigada a lidar com um material psíquico, o qual, se coloca para além dos sintomas. Desta forma, o nascimento da especifidade da proposta clínica psicanalítica, naquilo que a diferencia dos outros métodos psicoterápicos, assim como do método catártico, residiu na edificação de um trabalho o qual, embora englobando o alívio dos sintomas, comporta uma dimensão de construção de uma verdade sobre o sujeito.

Esse posicionamento trouxe, como uma entre suas consequências, novas atribuições para o analista e para o paciente no desenvolvimento do tratamento. Pelo lado do analista, este perdendo o conforto desfrutado anteriormente ao ocupar uma posição de exterioridade em relação ao processo clínico, passa a ocupar um lugar de interioridade o qual lhe é imputado pelos movimentos transferenciais do paciente. Deste lugar, ele deverá agir através da utilização da interpretação. Esta última não se refere à possibilidade de aplicação de um saber racional do médico sobre o material patogênico do paciente. Mas, partindo do lugar que lhe foi reservado pela transferência, a interpretação deverá soar como um enígma, e não como um oráculo que porta uma verdade. Se verdade existe, esta se dá por um processo em construção (Lacan, 1977b).

O analista, então, deve permitir um trabalho que se coloca do lado do paciente. Este sim, por seu turno, não ocupa uma posição passiva de espera por uma solução salvadora para seus sofrimentos. Mas deve produzir um trabalho psíquico de elaboração, que não se restringindo à ab-reação dos afetos, permite que as resistências sejam decisivamente ultrapassadas e o material recalcado simbolizado.

Nesse processo, o fato da libido se desligar dos sintomas e ser transferida para a pessoa do analista traz duas consequências : tem o poder de suspender a produção das manifestações sintomáticas ; permite a recriação das produções neuróticas dentro do próprio espaço clínico. Se, neste processo, é produzido um efeito terapêutico através do alívio sintomático, este efeito, sendo um dos matizes da cura, com ela não se identifica nem a recobre como um todo. A concepção de cura pela psicanálise propõe a elucidação daquilo que está se expressando através da transferência.

Porém, os limites à essa possibilidade se insinuaram, nesse período de elaboração teórica freudiana, por um fator teórico e um clínico : o desdobramento teórico do conceito de narcisismo e a constatação, clínica, do fenômeno da compulsão à repetição. Ambos os fatores convergiram na elaboração de uma nova concepção tópica do aparelho psíquico assim como impuseram uma modificação decisiva na teoria das pulsões, refletindo drasticamente sobre a concepção da dimensão terapêutica da psicanálise. Na medida em que se, por um lado, esses fatores indicaram a existência de um limite ao seu alcance terapêutico, por outro, delinearam a especificidade de sua proposta clínica.

Se tomarmos como fio condutor o eixo da argumentação que ora nos interessa, qual seja, a proposta terapêutica referente aos escritos freudianos a partir de 1920, podemos notar que, nesse período de elaboração teórica, esta se voltou para a tematição dos elementos psíquicos resistentes à simbolização que o processo clínico demandava. Partimos do princípio que podemos identificar estes elementos como um índice da pulsão de morte no aparelho psíquico, naquilo que ela indica a existência de elementos que, embora psíquicos, se colocam para além do registro simbólico da linguagem. Desta forma, sublinhamos que a introdução desse conceito no corpo teórico da psicanálise procurou responder a algumas questões impostas pelos obstáculos ao progresso do tratamento. Entre os quais destacamos a referência a um limite à ação terapêutica da palavra que se inscreve na natureza da própria linguagem. Posto que, pelo seu caráter metafórico, a linguagem estará sempre no lugar de algo, procurando dizer alguma outra coisa, não podendo haver coicidência entre os dois termos.Em essência, essas argumentações procuravem responder ao problema que vinha acompanhando a psicanálise em relação à impossibilidade encontrada, clinicamente, em se alcançar a simbolização de certos elementos psíquicos.Em última instância, esses elementos se referiam aquilo que, agindo sobre o aparelho psíquico, se tornava traumático e, na clínica, se mostrava resistente à elaboração e à restauração. Se, em Freud, podemos encontrar respostas ainda pautadas em considerações biológicas, sobre as quais o autor ancorou os conceitos de pulsão de morte e de diferença sexual, a partir de Lacan poderemos entender que esses elementos se referem à estrutura de linguagem do aparelho psíquico, que determina, pela clivagem fundamental da subjetividade humana, a existência de um real, entendido como aquilo que embora diga respeito e afete o sujeito, se coloca para além da possibilidade de apreensão pelo registro simbólico (Besset, 1997).

Podemos observar que a noção referente à estruturação do psiquismo a partir de uma ação empreendida pela linguagem, é, na verdade, uma contribuição de Lacan, a partir dos estudos desenvolvidos pela linguística estrutural, sobre o texto freudiano (Miller, 1986).Iniciando pelas formalização do registro do imaginário, Lacan (1977), propôs a formação do eu infantil a partir do que ele denominou de "estádio do espelho". Neste, através daquilo que sua mãe lhe informa, a criança, ao se deparar com sua imagem especular, nela se reconhece, com ela se identifica, para nela se alienar.Processo este que corresponde, na obra freudiana, ao estado de perfeição narcísica, postulado pelo autor para identificar o momento no qual ocorre um esboço de unificação das pulsões parciais características da fase de desenvolvimento libidinal auto-erótica (Freud,1914a).

Esse processo, através do qual a criança se identifica com sua imagem, ou seja, com o que não sendo ele mesmo, é na verdade um outro, uma imagem de si, é, para Lacan (1977), característico da constituição do eu. Nessa concepção, nesse eixo identificatório só existe lugar para o "eu" ou o outro, ou seja, a relação imaginária se caracteriza por ser fundamentalmente mortífera, determinando que um ou outro deva sucumbir. Aqui, o autor faz intervir a ação pacificadora da palavra, tomando-a como uma das vertentes do registro simbólico. A palavra, segundo Lacan (1977), permite superar a rivalidade imaginária e harmonizar as relações entre os semelhantes, na medida em que se sustenta na linguagem, entendida como a outra vertente do registro simbólico. Nessa passagem, a linguagem, vem intervir na relação dual, imaginária estabelecida entre a criança e sua sua mãe, aqui entendida como aquele que, preenchendo de sentido as necessidades infantis, se apresenta como o Outro (Miller,1986).

O estádio do espelho, é, segundo a concepção lacaniana, contemporâneo à passagem pelo complexo edipiano. Neste, a entrada do pai na cena familiar vem demarcar, através do acesso ao registro simbólico pela criança, a diferenciação entre o eu imaginário da consciência e o sujeito do inconsciente, em sua dimensão simbólica ( Miller,1986).

Para tal, o advento do Édipo se relaciona a três funções, assim determinadas:

- a função materna (enquanto Outro)

- a função paterna (enquanto mediadora das exigências feitas ao Outro)

- a função do falo (enquanto representativa das relações )

Nessa concepção teórica , o complexo de Édipo é entendido como um processo de simbolização e inscrição dessas funções primordiais no sujeito . O que aí se opera, através do Édipo, é o símbolo da relação com o Outro, o símbolo da própria relação ( falo ) e o símbolo da legalidade de toda relação (a lei intermediada pelo pai) (Cabas,1988).

Inicialmente esse processo ocorre através de uma identificação alienante da criança em sua mãe, enquanto Outro primordial, e, posteriormente, através de uma gama variada de identificações com objetos que supostamente interessam à mãe e que poderiam completá-la. Objetos estes que se apresentam, ao sujeito, como sendo o próprio falo. Para Lacan, dependendo do sexo da criança ela se inscreverá na lógica das identificações de uma forma peculiar. No momento no qual percebe que ninguém mais é o falo, lhe é fornecida a possibilidade de tê-lo. Para o menino, a renúncia em ser o falo da mãe pode ser compensada pela possibilidade de tê-lo, ao identificar-se com alguém que, supostamente, o detém : seu pai. Por seu lado, a menina ao deparar-se com a questão do falo pela vertente do não-ter, pode identificar-se com sua mãe que sabe onde encontrá-lo (Dor,1992).

O complexo de Édipo seria, então, uma provisão de destinos para manejar essa dualidade de possibilidades que se constituem através dos jogos das identificações. As quais demarcam de que lado o sujeito se instala em relação à sexualidade : homem ou mulher (Cabas, 1988).

Nesse processo, o complexo de castração atua duplamente ao privar a criança de ter sua mãe, e ao privar a mãe do objeto de seu desejo, instaurando a lei que regula as relações entre os semelhantes. Concomitantemente, ao permitir, pelo acesso ao simbólico, que a criança passe a fazer parte dos jogos de relações simbólicas, esta , pela linguagem, pode nomear seu desejo. E ao fazê-lo, ou seja, ao transformar o desejo em símbolo, fica determinado a divisão de sua subjetividade em um "eu" consciente e um sujeito do inconsciente, o qual é contudo barrado, tornando impossível dizer sobre o que há de mais íntimo em seu ser (Besset,1996).

O acesso ao simbólico na criança permite, desta forma, que esta possa ter um controle sobre o objeto perdido. Indicando com isso, que pela linguagem, a criança passa a controlar, simbolicamente, o fato de não ser, exclusivamente, o objeto de desejo da mãe. Ou seja, de não ser o falo, ou aquilo que poderia, supostamente, preencher a falta do Outro. Aqui, fica demarcado que, pela linguagem a criança deixa de ser o objeto de desejo do Outro, para aventurar-se como "sujeito", ao designar simbolicamente, sua renúncia ao objeto perdido. Por esta razão, pode-se afirmar que, ao final do Édipo, pela incidência da castração, "o falo aparece como a perda simbólica de um objeto imaginário"(Dor,1992,pg 94).

Segundo a proposta lacaniana, a saída encontrada pela criança para dar conta da operação que recalca o desejo de ser pelo desejo de ter o falo, será a de nomear, pela palavra, o seu próprio desejo. Engajando-se, desta forma, na sequência interminável de significantes de seu discurso, os quais, procurando designar o objeto perdido, se fazem deste, eternos substitutos.Cativo desta cadeia infindável, o desejo se torna para sempre insatisfeito a partir do momento no qual o sujeito foi impelido a nomeá-lo (Besset, 1996).

A operação edípica se coloca, pois, como ponto estruturante da subjetividade humana, na medida em que, ao alienar o desejo do sujeito na linguagem, produz, naquela, uma clivagem que lhe é fundamental, ao separar irremediavelmente o sujeito de uma parte de si mesmo (Dor,1992)

Nessa concepção, somente nos intervalos da cadeia significante, aonde o discurso falha e se interrompe, é que o sujeito do inconsciente pode aparecer e revelar, mesmo contra a vontade do eu, algo de seu desejo. Esta é uma das razões pelas quais o processo clínico procurará, justamente onde o discurso do paciente vacila, permitir que o sujeito do inconsciente aflore na construção da verdade de seu desejo.Uma verdade que, no entanto, será sempre aproximada posto que, embora inconsciente, não foi recalcada, na medida em que diz respeito a um real, que vindo do Outro, é inapreensível pelo registro simbólico.

A partir dessas consideração, podemos propor o entendimento da mudança ocorrida na concepção do processo terapêutico. Este não poderia mais ser definido como objetivando o alcance da produção da recordação das experiências recalcadas e, portanto, esquecidas, posto que há algo que escapa à essa possibilidade.Podemos destacar que essa noção implicou em uma limitação no uso da interpretação enquanto dispositivo técnico que visa a liberação do material recalcado. Impasse clínico para o qual Freud (1937b) lançou mão do conceito de construções em análise a qual visa, não a recordação, mas a produção de uma convicção.

Segundo Freud (1937b) no processo clínico, o analista deve partir do material que lhe é fornecido pelo paciente, seu discurso, seus sonhos, atos-falho, e das ações transferenciais.A ele cabe a tarefa de "completar aquilo que foi esquecido pelo paciente, a partir dos traços que as experiências deixaram atrás de si, ou mais corretamente, construir o que foi esquecido" (Freud,1937b pg 293).

Desta forma, as construções em análise podem ser definidas como uma reconstrução, são inferências que o analista faz a partir de fragmentos do discurso, de lembranças, de associações e do comportamento transferencial do analisando. Semelhante à interpretação, as construções não são um fim ao qual se almeja chegar. Mas se constituem em um trabalho preliminar no sentido que sua função é a de refazer ligações que estão interrompidas, desbloquear interrupções associativas, e assim possibilitar a produção de novos materiais psíquicos. Diferentemente da interpretação, que se faz sobre um fragmento do material clínico, as construções refazem um fragmento da história de vida do analisando (Freud,1937b). Se a interpretação aponta para o afloramento de um material existente no inconsciente, as construções apontam para a tentativa do analista em lidar com experiências que não receberam uma inscrição no registro psíquico. Por esta razão, as construções não levam à uma recordação, mas produzem uma convicção de verdade, no paciente, que possui um efeito terapêutico equivalente ao de uma recordação (Freud, 1937b).

Nessa concepção, há nos sonhos, alucinações, delírios, enfim, no pensamentos da loucura, um método de construção que remete à uma verdade histórica da vida de cada um. Há um núcleo verídico, um fragmento de verdade histórica em cada uma das formações do inconsciente. O fato de ser sobre essa veracidade histórica que a convicção do paciente se constrói, como nos informa o autor, nos permite inferir que o trabalhho da análise não se refere a um saber sobre o inconsciente, mas à construção de uma verdade, sempre singular, sobre seu desejo.

A constatação, clinicamnete observável, de elementos psíquicos resistentes ao processo de simbolização, implicou, em relação à proposta terapêutica, na necessidade de uma reflexão sobre a estrutura do processo clínico, principalmente no que diz respeitos aos seus entraves. A nosso ver, possivelmente esta tenha sido uma das razões pelas quais, nos textos posteriores a 1920, Freud tenha se dedicado a especificar e problematizar os obstáculos que se opõem ao progresso do processo clínico, demonstrando uma constante preocupação em promover uma análise sistemática sobre as inúmeras resistências à análise. Assim, podemos entender que a suposta "desesperança" freudiana quanto à eficácia terapêutica da psicanálise, na verdade revela a discussão de uma questão teórica e clínica que necessitava ser problematizada. Afinal, se tomarmos como termo comparativo a finalidade dos outros métodos de tratamento psíquico, a eliminação dos sintomas, podemos perceber que este também ocorre na psicanálise. Freud não o negou, muito ao contrário. Apenas não era esta a questão que estava em pauta, pois o que a psicanálise propõe está em trabalhar com um mais além disso. O próprio Freud (1937a), nos indicou que o alcance de efeitos terapêuticos não recobre todo o trabalho pretendido por um processo analítico. Segundo o autor, mesmo quando o paciente mostra sinais claros de mudança, tais como retomar o pulso de sua vida, ter por ela interesse e reajustar suas relações com pessoas importantes afetivamente, ainda assim, há muito trabalho a ser executado. Desta forma, Freud aponta, concretamente, para o fato de que os efeitos terapêuticos obtidos pelo processo analítico não definem o seu objetivo final. Ainda mais porque, em alguns pacientes, alcançá-los pode suscitar uma reação violenta que impede a continuação do processo que corre o risco de fracassar por causa de um parcial sucesso. Ou seja, há muito mais a ser trabalhado nas neuroses do que o alívio sintomático.

Entre os fatores que se opõem ao tratamento, Freud (1937a) apontou como obstáculo último e insuplantável o complexo da castração, "rochedo" diante do qual o processo terapêutico esbarra e paraliza. Nas mulheres, esse complexo aparece como uma inveja do pênis, um esforço para possuir um órgão genital masculino do qual ela teve que abdicar durante a passagem do Édipo. Na análise, a constatação de que o processo terapêutico não realizará seu desejo por um pênis é sentida como uma forte depressão e dessinteresse pelo trabalho. Já nos homens, a situação analítica parece reproduzir uma luta masculina contra sua atitude passiva para com outro homem, acarretando uma forte resistência transferencial, posto que os homens se recusam a se submeterem ao analista e a aceitar, deste, o seu restabelecimento. O que representaria estar em dívida com seu próprio pai.Ou seja, pode-se inferir que frente a questão da diferença sexual, os processos psíquicos esbarram para encontrarem o seu limite. Para lidar teoricamente com esse limite, o autor novamente se voltou para uma explicação biológica já que, para ele, a diferença sexual se pautava na anatomia. Em última instância, o substrato fisiológico estaria desempenhando o papel de fundo subjacente para os processos psíquicos. Escapando à transferência, e à possibilidade de ser simbolizado, o real da diferença sexual apontava para o indizível, para o fato que há um mais além da palavra onde o processo terapêutico não alcança (Freud,1937a).

Com Lacan podemos entender esse processo a partir de uma perspectiva mais abrangente, que, desvinculando da anatomia, relaciona a questão sexual com a estrutura de linguagem da subjetividade humana. Nessa perspectiva, a mãe, ao desempenhar sua função de erotização do bebê, através dos cuidados maternos, exerce uma ação de sedução sobre a criança totalmente dependente deste Outro todo poderoso. Por ser exercida em um período anterior ao advento da fala pela criança, a sedução materna diz respeito a uma ação impossível de ser simbolizada. A sexualidade, vinda do Outro, se torna traumática, na medida em que diz respeito ao real e, portanto, inapreensível pelo registro simbólico. Diante da questão sexual, aberta pela incidência da castração, o sujeito responde construindo uma fantasia, na qual se fixa e a partir da qual ordena seu desejo. A castração, ao escancarar uma falta fundamental no sujeito e no Outro, abre a brecha para a instauração do sujeito desejante, que se ordena em torno de uma fantasia fundamental construída para dar conta de uma questão imposta, ao sujeito, pelo desejo do Outro. Fantasia fundamental, que marca a relação do sujeito com o Outro e com seus semelhantes, formulada para dar conta de um real inominável que nele irrompeu e sobre a qual o sujeito se fixou (Besset,1997).É essa dupla vertente da fantasia, como resposta ao desejo do Outro e como vinculada a uma falta no campo do significante, que permite, na clínica, um trabalho que, incluindo a categoria do real, ultrapassa o alívio dos sintomas para se instaurar na possibilidade de produzir uma "modificação da relação do sujeito com o real da fantasia"(Miller, 1986 pg 113).

A partir dessa perspectiva, pode-se entender como o complexo de castração, em uma perspectiva lacaniana, passou de uma posição na qual se colocava como o fim a que se chegava no processo clínico para ponto fundamental da mudança psíquica.E embora o real não seja apreensível pelo simbólico, ou seja, esse último não tem poderes para modificá-lo, pelo simbólico encontra-se possibilidades de alterar a posição do sujeito frente os efeitos produzidos pela ação do real sobre ele. Em essência, isso é a cura.

Enfim, se há mais em um processo analítico do que nossas palavras alcançam, esse fato é convidativo ao discurso e não ao silêncio. Talvez, exatamente por isso, a clínica psicanálitica esteja aí, há cem anos, recebendo pessoas que demandam um alívio para seus sofrimentos. E, como disse Lacan (1993), o interessante é que existe resposta para essa demanda, anunciada, pelos próprios pacientes, quando afirmam terem se modificado, pelo trabalho psicanalítico. Se alguns acreditam que isso é pouco, talvez seja porque, como a experiência clínica nos demonstra, falar sobre Isso incomoda.

Após termos percorrido a obra freudiana em busca de subsídios teóricos para uma melhor compreensão sobre a dimensão terapêutica da psicanálise, chegamos ao momento de procedermos a algumas considerações finais. Considerações estas que, não possuindo a mímina intenção de serem exaustivas, visam, unicamente, o levantamento de alguns aspectos, em nossa opinião, significativos em relação ao entendimento do conceito de cura próprio à psicanálise.

Inicialmente, gostaríamos de destacar a relação dialética existente entre teoria e clínica encontrada na obra freudiana. Em nenhum momento desta, os campos teórico e clínico se afastam. Ou melhor, ambos se colocam como o contraponto necessário do outro no processo de verificação de suas adequabilidades. Sendo, justamente, a partir desse caráter dialético, que pudemos destacar, em nosso estudo, que a obra freudiana não apresenta uma resposta única em termos de seu objetivo terapêutico. Ao contrário, à cada momento de elaboração teórica corresponde uma proposta terapêutica específica, implicando no avanço paralelo de seu corpo teórico e suas aplicações práticas. A este respeito, resta-nos, ainda, destacar que esses avanços, ou essas transformações, não se processaram como se fossem etapas de um desenvolvimento que uma vez alcançada torna a etapa precedente totalmente superada. Porém elas se sucedem, complementam, modificam, ganham outro sentido e valor.

A importância do caráter dialético da relação teoria/clínica recai, ainda, sobre um outro fator. Por um lado, impede que a teoria psicanalítica, desvinculada de sua prática, se transforme, conforme nos advertui Freud (1933[1932]), em uma visão de mundo (Weltanschauung). Por outro, não permite que sua clínica se torne um espaço privilegiado à serviço da teoria, onde esta possa ser verificada e ampliada. Um laboratório, diríamos, assim. Posto que, no mínimo, essa situação não seria justa para com as pessoas que a procuram em busca de um alívio para seu sofrimento.Na medida em que a psicanálise se coloca em uma posição de acolhimento dessa demanda, necessita prestar contas de seu ato. Um ato de oferta, que deixa subentendido que ela é capaz de fazer algo que torne possível, ao paciente, alcançar um alívio para o desprazer produzido por seus sintomas.Há, portanto, uma promessa de cura veiculada por cada tratamento clínico que se inicia. Freud, ele próprio, nunca o negou. Ao contrário, encontramos em sua obra várias passagens que indicam a confiança do autor no poder de cura da psicanálise. Para ele, nos tratamentos desenvolvidos, se podia obter "em condições favoráveis, sucessos terapêuticos não menores do que os mais belos resultados alcançados no âmbito da medicina" (Freud, 1917[1916] pg 534).

Porém, ainda que aqui, Freud tenha aproximado os conceitos de cura na medicina e na psicanálise, a sua diferenciação se torna imprescindível. Essa diferenciação se dá, justamnte, porque cada uma dessas ciências situa o entendimento dos sintomas em registros diversos : registro anatômico para uma, registro linguístico, para a outra.

Para a medicina, o sintoma é orgânico, pura anatomia, que depende do bom funcionamento dos órgãos. Isso é fácil de entender. Qual de nós, que já passou por um tratamento médico, não sentiu como neste só o corpo é priorizado, única e exclusivamente. Médicos e enfermeiros, dele dispõem, sem cerimônias e sem pudores. Os pacientes, nesses casos, são pura massa corpória, deslibinizada, que nada significam para além do registro fisiológico. Muitas vezes, é desse tratamento mesmo, que o corpo necessita para se manter vivo.

Outras vezes, no entanto, a questão é outra. Para a psicanálise, há sintomas que podem ser entendidos por aquilo que eles representam, ou por aquilo que eles falam do sujeito que os porta. A partir de Freud, o sintoma se atrela à linguagem determinando que este seja concebido como possuindo uma mensagem que merece ser desvelada. É o deciframento dessa mensagem que produz, como resultado, um efeito terapêutico, o qual não se refere somente a um alívio dos sintomas, mas que acopla a este, a construção de uma verdade sobre o sujeito em análise.

No decorrer de nosso estudo destacamos, a partir do que nos autoriza o ensino de J. Lacan, como a inscrição da psique no registro da linguagem operada por Freud demarcou a ruptura deste com os outros saberes científicos de sua época, permitindo as primeiras especificações da psicanálise em relação ao seu campo de investigação teórica e de aplicações clínicas.

A análise dos textos freudianos desenvolvidos anteriormente à 1900, nos autorizou a concluir que o entendimento dos sintomas histéricos pela lógica do sentido e não da anatomia, permitiu, a Freud, ultrapassar os limites teóricos e clínicos inscritos na ordem médica cientificista e positivista de sua época, e estruturar um método de tratamento psíquico, cuja proposta se concentrava na eliminação dos sintomas através do poder terapêutico da palavra. Nesse sentido, os sintomas foram concebidos como decorrentes da vivência de uma experiência diante da qual o sujeito, incapaz de reagir, não produziu a descarga necessária do quantum afetivo correspondente à experiência. Nesse momento, por uma ação defensiva da consciência, a representação da experiência, desconectada de seu afeto, é recalcada, tornando-se patogênica. O afeto, estrangulado, é convertido para a esfera somática formando o sintoma. A cura, a um nível sintomático, se processava, no momento no qual a recordação da cena traumática permitia a ocorrência da ab-reação do afeto, ao ser, colocado em palavras.

Dois pontos poderiam ser, aqui, destacados : a noção de trauma psíquico como algo que irrompe, no sujeito, e não é elaborado, ou seja, não recebe um processo de simbolização; a constatação de que a ab-reação dos afetos pela palavra não é suficiente para dissolvê-los totalmente. Desta forma, o início da obra freudiana é pautado por indícios que denotam a existência, no psiquismo, de um limite ao simbolizável que por sua vez implica em um limite ao alcance da palavra.Pontos sobre os quais, a obra freudiana se deterá, em diversos momentos, em busca de respostas adequadas, na maioria das vezes recorrendo a conceitos retirados da biologia.

Igualmente, esses elementos, em forma de entraves ao tratamento, se apresentam no desenvolvimento da metapsicologia, momento especialmente frutífero em termos teórico e clínico, no qual a proposta terapêutica, estruturada na transferência, pôde se deslocar dos sintomas para ingressar na formação da própria neurose. A análise produzida sobre o conceito de transferência justificou sua concepção como pilar da cura. Particularmente pelo seu poder de reproduzir, no espaço clínico, a própria neurose que pode ser solucionada ao se desvelar o sentido inconsciente daquilo que está sendo, transferencialmente, representado. Com isso ficou caracterizado a terapia como um processo de simbolização, o qual contudo se mostra ineficiente diante do poder da compulsão à repetição apresentada, pelos pacientes, no transcorrer dos processos clínicos.

Nesse contexto, a análise dos últimos textos teóricos do autor, a partir de 1920, propôs que , nestes, Freud, ao lançar mão do conceito de pulsão de morte e ao abordar o complexo de castração como obstáculo clínico intransponível, se ancorou em explicações biológicas na tentativa de responder às questões clínicas indicativas de que nem tudo no psiquismo diz respeito ao registro simbólico. Nesse momento de nossa análise, nos utilizamos das contribuições lacanianas através das quais tornou possível o entendimento desse limite clínico em relação à estrutura de linguagem dos processos psíquicos, a qual implica na concepção da existência de um real, que embora diga respeito e afete o sujeito, é irredutível ao simbólico. Denotando, por um lado, um limite ao poder terapêutico da palavra, e por outro, a especificidade da proposta terapêutica da psicanálise, na medida em que esta se inscreve na possibilidade de permitir, através da palavra, uma mudança, não no real, mas na posição do sujeito frente a esse.

Esse mecanismo é o responsável por tornar a análise, como observou Freud (1937a), uma tarefa impossível. Impossível na medida em que não poderá "desfazer" o recalque, ou "curar" o sujeito da divisão subjetiva que lhe é fundamental e que o constituiu como humano. Por esta razão, em psicanálise, devemos entender que o termo ‘psico’ não se refere ao tratamento de uma "alma" enquanto unidade, mas à noção de um sujeito dividido pela ação da linguagem ao lançá-lo na ordem da cultura (Soller, 1997).O limite do analizável, apontado por Freud (1937) como sendo o complexo de castração se refere à essa divisão fundamental. A castração, enquanto assinalando a diferença sexual, denuncia que há algo de não nomeável, de não simbolizável nessa operação. Denuncia que nem tudo no psiquismo se insere no registro simbólico da linguagem, e que há, para além deste, o inapreensível real. Demarcando, desta forma, um limite à abrangência da palavra, a promessa de cura, na psicanálise, não se refere ao encontro de uma harmonia, de um bem-estar total, ou de uma plenitude (Besset,1996). Mas se refere à elucidação do desejo do paciente, e com isto "aliviá-lo do peso, não de seu inconsciente mas do Outro, onde se alojara com seu tormento e seus álibis" (Soller, 1997 pg 113).Assim, a análise empreendida sobre o texto freudiano, a partir de uma perspectiva lacaniana, nos permite circunscrever a proposta terapêutica da psicanálise, para além do alívio dos sintomas, à elucidação de uma verdade, sempre singular, sobre o desejo inconsciente de cada paciente. A partir desse processo se torna possível, não a simbolização da castração, posto que irrealizável, mas uma nova postura do paciente em relação aquilo que, nele, é causa de seu sofrer.

Para finalizar, gostaríamos de fazer uma última consideração. Todos nós que lidamos com a dimensão clínica da psicanálise sabemos a importância que tem, para o paciente, o encontro de um alívio para seus sintomas. Ou seja, por mais que tenhamos em mente que o objetivo da análise aí não se coloca, este fato contudo, não implica que esse efeito deva ser negligenciado ou desprezado. Como nos assegurou Freud (1933[1932] pg 191) em relação à psicanálise, "se não tivesse valor terapêutico, não teria sido descoberta, como o foi, em relação a pessoas doentes, e não teria continuado a se desenvolver por mais de trinta anos". Ou, por mais de cem anos, poderíamos acrescentar.

 


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Revista de Psicoanálisis y Cultura
Número 6 - Diciembre 1997
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